08 setembro 2011

«Olha, eu sei que o barco está furado e sei que tu também sabes, mas queria te dizer para não parares de remar, porque ao ver te remar dá vontade de não querer parar também. Estas a entender? Sei que sim. Eu entro nesse barco, é só pedires. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas para isso preciso de saber se também vais. Porque sozinha, não vou. Não tenho como remar sozinha, eu ficaria girando em torno de mim mesma. Mas olha, eu só entro nesse barco se tu prometeres remar também! Eu abandono tudo, história, passado, cicatrizes. Mudo o visual, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas tens que me prometer que vais remar também, com vontade! Eu começo a ler sobre política, futebol, ficção científica. Aprendo a pescar, se precisar. Mas tu tens que remar também. Eu desisto fácil, sabes disso. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só pedir. Perco o medo de dirigir só pra atravessar o mundo para te ver todo dia. Mas tens que me prometer que vais remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. E temos que nos afundar juntos e descobrir que é possível nadar juntos. Eu ensino te a nadar, juro! Mas tens que me prometer que vais tentar, que vais te esforçar, que vais remar enquanto for preciso, enquanto tiveres forças! Tens que me prometer que esta viagem não vai ser a toa, que vai valer a pena. Que por ti vale a pena remar. Que por nós vale a pena remar.»

Re-amar

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